Como lidar com o desconforto de estar só.

A solidão é um assunto que aparece com frequência nas sessões de terapia. Nem sempre ela chega com esse nome. Às vezes vem como um cansaço constante, uma sensação de desconexão, uma falta de sentido que vai se acumulando com o tempo.

É comum ouvir relatos de pessoas que vivem rodeadas de gente, mas ainda assim se sentem sozinhas. Trabalham em equipe, moram com outras pessoas, têm agenda cheia, mas sentem que falta algo. Como se estivessem sempre presentes nas tarefas, mas ausentes de si mesmas.

Para lidar com isso, muita gente entra no modo automático. Mantém a agenda lotada, se distrai com telas o tempo todo, evita qualquer tempo livre que possa gerar desconforto. É mais fácil se manter ocupada do que parar e encarar o que está acontecendo por dentro.

Mas nem sempre o que você sente é sobre a quantidade de coisas à sua volta. Muitas vezes, é sobre a qualidade da conexão consigo mesma. E essa reconexão não precisa começar com grandes mudanças. Pode começar aos poucos, em momentos simples do dia a dia.

Tomar um café sem o celular por perto. Prestar atenção na água quente do banho. Comer sem rolar o feed do Instagram. Fazer uma caminhada sem fone de ouvido. Esses pequenos gestos ajudam a criar presença e a reduzir o ruído que ocupa demais e preenche de menos.

Aprender a estar com você mesma pode ser desconfortável no início, especialmente se você passou muito tempo evitando esse encontro. Mas com o tempo, esses momentos deixam de ser solitários e passam a ser mais seus. E quando há apoio nesse processo, como a terapia, tudo pode ganhar mais sentido.

A terapia oferece espaço para entender o que está por trás desse sentimento de vazio, para reconhecer as necessidades emocionais que estão sendo ignoradas e para criar novas formas de cuidado. Estar sozinha não precisa ser um peso. Pode ser uma oportunidade de se reencontrar.

Se você tem se sentido assim, talvez seja hora de olhar com mais atenção para a forma como tem se relacionado com você mesma. Nem sempre o que falta é companhia. Às vezes, é pausa. É escuta. É presença.